O rio sempre corre para o mar e é assim que a verdade prevalece.
O curso ministrado recentemente no NEX, rendeu a surpresa de um dos colaboradores ligar para o jornal Correio Braziliense, sugerindo pauta sobre o criadouro estar proibido de receber visitas de qualquer tipo, inclusive técnicas, desde a publicação da Instrução Normativa (IN) 07/2015 pelo IBAMA.
À jornalista Camila Costa, meu agradecimento por dar visibilidade a uma causa complexa e polêmica. Por isso mesmo, tomo a liberdade de fazer algumas correções no texto publicado que considero importantes.
Na IN fica bem claro que todos os criadouros podem receber visitas, sob consulta, exceto os que abrigam o gênero panthera. Esconder as onças pintadas é esconder sua causa e impedir a surpresa e emoção que uma visita guiada, voltada para educação ambiental, proporciona.
Nosso projeto "Onças ajudando Gente", sempre foi divulgado publicamente, desde o início do trabalho.
Todos os dias digo "não" a conceituados professores de várias universidades, a escolas e a grupos consulares que escolhem a quem ajudar.
É certo que digo não e acato a imposição. Mas, chegam a mim rumores que sou a única a obedecer. Como disse uma vez um grande amigo:"Afinal, quem fiscaliza a fiscalização?"
Doações já não são fáceis, ainda mais para um projeto "blindado" que ninguém pode conhecer.
Não inventei a roda! Os visitantes percorrem 80km desde Brasília para chegar ao criadouro. Demandam prestação de serviços como café da manhã, almoço, lanche da tarde,utilizam materiais descartáveis e principalmente, guias experientes. Sabem que estão ajudando pessoas da comunidade local e transformando a forma da onça ser vista , não como inimiga e,sim, mais útil viva do que morta!
O NEX nunca foi aberto ao público e recebíamos uns tres a quatro grupos pré-agendados por mês, no máximo, visto que há outras atividades no criadouro, envolvendo procedimentos veterinários, manutenção constante e monitoramento. Os parceiros em serviços recebem, o Nex consegue vender camisetas e, com muita sorte, alguma entidade reune um grupo em Brasília, nos convida para dar uma palestra e, então sim, o Nex recebe uma doação. Nunca foi diferente.
Há mais de um ano faço a mesma pergunta para o DBFLO, departamento do Ibama responsável pela publicação da IN 07/2015: "Quais motivos originaram a inclusão da onça pintada na instrução normativa, ao lado de exóticos como tigres, leões,ursos e outros?"
Fiz reunião com a responsável pelo departamento na época, protocolei questionamento por escrito e nada de resposta. Mesmo agora, quando a equipe de advogados Barretto & Rost aderiu à nossa reivindicação mais que justa e nos representa pró-bono, tentando a resposta e revisão da IN, continuamos sem explicação. O apoio dos advogados é uma das principais doações que o NEX recebeu até hoje, com certeza na hora certa.
Quero isentar disso a nova presidente do Ibama, Suely Araújo, que esteve no Nex pessoalmente, pouco tempo após assumir e achou justo meu apelo.Ouviu as pessoas e teve uma postura impecável de diálogo e respeito.
Mas, vidas não esperam e meu registro como Criadouro Científico para Fins de Conservação até 2017, foi concedido pelo Ibama.A fauna já passou para os órgãos estaduais e,nem todos fizeram legislação própria. A IN do Ibama continua prevalecendo em todo o território nacional.
Não disponibilizei a ONG NEX para o Ibama, como diz o texto da matéria mas, caso não comece a ser tratada como parceira e as regras continuem mudando no meio do jogo, há muito o que decidir, visto que "botamos a mão no bolso" desde 2001 com muitos sonhos e perseguindo um ideal difícil de ser destruído.Mas não há um só setor no Brasil que o excesso de burocracia deixe de ameaçar.
Última correção se refere aos nomes científicos corretos das espécies de felídeos que o NEX protege:
gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus)
gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi)
gato-palheiro (Leopardus colocolo)
gato-maracajá (Leopardus wiedii)
gato-mourisco (Puma yagouaroundi)
jaguatirica (Leopardus Pardalis)
onça parda (Puma concolor)
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