Há tres anos exatamente eu escrevi:
Entre a insônia e a vigília, como se ficar alerta me tornasse menos impotente diante da mais extrema dualidade existencial:vida/morte.
O que é vida? O que é morte?
Talvez tudo seja UNO, como Deus, a quem insistimos dar tantos nomes.
Penso que morri em algum lugar para poder nascer aqui e vou morrer aqui, para nascer em outro lugar. Confiança é palavra chave !
Penso em tudo o que é possível para me sentir fortalecida e aceitar os desígnios de Deus, assim como todo o grande mistério que nos cerca.
Minha mãe fraturou a bacia há menos de um mes e, de lá para cá,a vida traz o aprimoramento do amor que deve superar a partida.
Estou aqui para fazê-la pensar em lugares lindos, ouvir o som das cascatas,sentir os ventos no rosto e confiar que toda esta beleza à sua espera. Queria ir à frente , salpicando o chão de pétalas brancas para ampararem seus pés cansados. Queria um bosque de eucalíptos, cujo perfume fosse penetrando delicadamente seus pulmões e restaurando a respiracão curativa.
Queria muitos sábios e xamãs para acompanhá-la com orgulho, pelo fato da batida do coração dela estar em compasso com a natureza. Atraido pelo som do coracão ,vem um grande jaguar branco que emociona minha mãe com sua sagrada presença.
Vai nos conduzindo majestoso para uma floresta pincelada de verdes e cheia de vidas que produzem sons encantadores e perfumes desconhecidos.
Raios de sol abrem o caminho , pontuando luz sobre verde e tudo mais que se possa imaginar com a lente do amor porque, a criação do "céu" , é uma coautoria de cada um de nós com o Criador.
Minha mãe faleceu um mes depois, no dia 18/11 e até hoje ,procuro por ela, tal como o filhote de onça arrancado de sua mãe.